sábado, 20 de agosto de 2016

Carlos Drummond de Andrade

MANOS GENEROSAS


No seré el poeta de un mundo caduco.
Tampoco cantaré el mundo futuro.
Estoy atado a la vida y contemplo a mis compañeros.
Están taciturnos mas alimentan grandes esperanzas.
Entre ellos, considero la enorme realidad.
El presente es tan grande, no nos desviemos.
No nos desviemos mucho, vamos de manos generosas.

No seré el cantor de una mujer, de una historia,
no diré los suspiros al anochecer, el paisaje a la vista de la ventana,
no distribuiré piedras de tropiezo o cartas de suicida,
no huiré a las islas ni seré raptado por serafines.
El tiempo es mi materia, el tiempo presente, los hombres presentes,
La vida presente.









Nem de Tal/Estadão - Foto do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade em 1986:








Mãos Dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco
Também não cantarei o mundo futuro
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças
Entre eles, considero a enorme realidade
O presente é tão grande, não nos afastemos
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história
Não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida
Não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes
A vida presente.






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